Cherreads

Chapter 103 - Especial de Natal - Parte 1: Natal Carmesim

{Notas do Autor}

Mais um especial, e mais um capítulo que minha prima me mandou e eu fiz o final. A primeira parte é autoria dela e o resto eu completei.

Aproveitando, ela tem uma novel, Laozi Yilling (pt br), autora: _just_reading_.

O capítulo se passa nas vésperas do Natal, então por enquanto não vai acontecer nada. Por enquanto...

___________________________________________________

[23/12/2017] - [07:32:49]

[Centro - Belo Horizonte - MG - Brasil]

[San Lang POV]

San Lang: "Jiejie, precisamos mesmo de mais uma árvore de natal?"

Eu disse enquanto puxava ainda mais para perto da minha cabeça o capuz do meu casaco. Sei que está fazendo 34 graus em Belo Horizonte, mas a ideia de ter que tomar sol se torna um tanto desgostosa para mim. Eu prefiro ser devorado por Taweret que tomar sol ou até mesmo olhar para ele.

Ana: "San Lang, eu não te obriguei a vir comigo, foi você que quis me acompanhar querido, se não queria vir você poderia apenas ter ficado com Ondini em casa."

San Lang: "*sério e amargurado* Com aquela amoeba falante eu me recuso a ficar. *se acalmando* E eu fiquei preocupado com você. Jiejie não tem o costume de sair cedo."

Ela havia acordado animada esta manhã. Levantou cantando Jingle Bell Rock, fez um café da manhã nas cores natalinas, leu constelações enquanto cantava aquela música 'então é natal e ano novo também'. No fim das contas eu não entendi nada. Primeiro porque ela acordou no período de yin (Na China as horas são definidas por períodos, o período de yin é entre 03:00 às 05:00). Segundo, por que minha Jiejie está tão animada? O natal é tão significativo assim?

Criança: "Mamãe o papai noel vai vir amanhã deixar um presente para mim?"

Ouvi uma criança falar essa abobrinha perto de mim. Olhei para ela que parecia tão inocente, tão cheia de sonhos. Os olhos dela voaram em minha direção, eu olhei para ela avaliando com calma a situação, nós dois estamos no centro de Belo Horizonte, nós dois parecemos estar morrendo de calor. A única diferença: ela era uma criança que foi arrastada pela mãe e que não fazia ideia do que é o mundo e a vida. Ah, a criancinha também estava toda vestida de rosa, usando uma blusa de My Little Pony, enigmático conhecimento esse que tirei da Jiejie, quando ela me contou que achou um máximo o desenho dos pôneis e da amizade.

San Lang: "Não, ele não vai vir, sabe por que? Número um, você não tem uma chaminé na sua casa. Número dois, não neva no Brasil e as renas não iriam sobreviver. Número três, um trenó não voa. E número quatro:

*olhando fixamente nos olhos da criança* O papai noel não existe, ele apenas é uma figura inventada pelo sistema capitalista para vender produtos e fazer o sistema lucrar e continuar mantendo as pessoas escravas dele."

Ana: "San Lang!"

A criança começou a chorar e se abraçou nas pernas da mãe que ficou me olhando feio. Jiejie me um tapa na nuca que apenas gerou um sorriso sem graça de minha parte. Eu simplesmente não consigo entender o porquê das pessoas acharem essa data tão divertida. Que graça tem se reunir com toda a família, apenas para se empanturrar com comida que nem ao menos faz parte da cultura deles! Faz parte da cultura dos americanos, que passam metade do ano atirando uns nos outros como seres primitivos e irracionais, e o resto dele comprando como se o mundo fosse acabar e comendo comida industrializada.

San Lang: *sorrindo satisfeito* "Ah! E mais uma coisa! O coelhinho da páscoa não existe!"

Ana: *emitindo uma aura demon- cahem- assassina*

Jiejie me pegou pela blusa de frio e foi me arrastando até uma loja próxima da que estávamos olhando, ela me olhou séria enquanto pensava no que iria dizer. Respirei fundo e deitei minha cabeça no pescoço dela, sentindo o cheiro doce do perfume dela. Ela colocou as mãos na minha cabeça e começou a fazer um carinho de leve, o magnânimo e sacro cafuné.

Ana: *levemente irritada* "O que foi San Lang? Por que você está tão rabugento hoje?"

San Lang: "Eu simplesmente não entendo o porquê das pessoas estarem tão obcecadas por uma data sem objetivo nenhum! O que eles querem com isso? Que comece a nevar repentinamente no Brasil?"

Ana: "Não é bem assim querido! As pessoas gostam dessa data porque podem se encontrar, comemorar e ver as pessoas queridas. Para mim, pelo menos é uma das melhores coisas do natal e a segunda coisa é ver o Lúcio enfiando o máximo de comida possível no rabo dele!"

Ela começou a rir da própria piada, eu soltei um sorriso, eu tirei minha cabeça do pescoço dela e deixei um selinho nos lábios dela, ela sorriu para mim.

Ana: "E sabe, nem sempre foi tudo sobre capitalismo. Por exemplo: sabia que o Papai Noel foi criado inspirado em um santo de verdade? Era São Nicolau, que fazia caridades, usava roupas vermelhas e também tinha um casacão."

San Lang: "Mas depois ele virou um simples velho com um saco, usado para lucrar."

Ana: "É verdade. Quer dizer às vezes não."

San Lang: "Isso é aquele meme daquele médico careca?"

Ana: "Yep. No fim das, se alguém gosta de algo, esse algo vira merchandising.

Mas vamos mudar de assunto. Por que não manda um presente para a sua avó? Já não faz mais de cinco meses que você não visita ela?"

San Lang: "Mandar um presente para a velha? *irônico* Só se for uma caixa cheia de camisinhas, ai ela vai adorar."

Ana: "Eu estou falando sério! Por que você não tenta? Você poderia pintar um quadro dela e do seu avô, ele ficaria lindo e eu acho que ela adoraria, embora você não goste desse elogio, todas as coisas que você faz relacionadas com arte agradam até os deuses, tendo isso em mente sua avó vai gostar de receber isso."

Um presente para a velha? Eu nunca dei nada a ela, então não faço ideia do que iria deixá-la feliz. Afinal, do jeito que ela é, nada parece agradá-la, aquela velha caduca enxerida... Pelo menos ela gosta da Jiejie… Ela nunca me viu pintar, não sei se ela ficaria feliz. Será que vale a pena dar isso de presente para ela?

San Lang: *suspira* "Vou pensar a respeito."

Ana: "Certo! Então vamos continuar a nossa busca pela árvore de natal perfeita! Minha mãe vendeu a dela então temos que procurar uma nova, montar na casa dela, enfeitar, tirar os 30 milhões de papais noéis dela das caixas e deixar tudo bonitinho para quando ela chegar em casa tudo estar tão natalino que ela vai rir igual o Papai Noel!"

San Lang: "Akemi devia ser diagnosticada com obsessão compulsiva pelo natal."

Continuamos andando pelo centro, até chegar a uma loja extremamente movimentada e repleta de árvores de natal em diferentes tamanhos. Quando entramos lá, havia um grupo de crianças agitadas que pareciam estar em uma excursão com a escola. Olhei para elas enquanto elas riam e conversavam.

Agora me pergunto porque diabos uma escola levaria seus alunos em uma excursão para comprar árvores de natal, será que não tinha uma programação mais legal? Bem, quem sou eu para questionar o falho sistema educacional de uma escola aleatória?

Ana: "San Lang você pode esperar aqui no caixa?"

San Lang: "Por que?"

Ana: "Porque sempre que você fica perto do caixa ele sempre fica vazio e com uma moça super rápida para atender a gente. E segundo, quando você fica perto da saída, a probabilidade de não termos que enfrentar uma multidão é maior. Então beijo, me espera aí!"

E então ela saiu correndo. Que ótimo, agora eu vou ter que ficar aqui junto de um bando de crianças, tendo que ouvir um monte de baboseiras infantis e recheadas de cultura americana que se resume literalmente a comprar, comprar e comprar.

Criança 1: "*inocentemente* Moço... Por que você tá de vermelho? É porque você é um duende do Papai Noel?"

San Lang: "*incrédulo* O que disse?"

Criança 2: "Não! Ele não é um duende! Ele é um dos carteiros do Papai Noel!"

Criança 3: "Papai Noel tem carteiro?"

Criança 2: "Tem! De onde você acha que ele recebe as cartas?"

San Lang: "*segurando a raiva* Crianças, crianças... Por favor, eu não sou nada disso."

Todas as crianças daquela turma sentaram em uma roda, me olhando fixamente curiosas com a minha resposta, eu respirei fundo antes de olhar para elas, me segurando para não deixar meu tom mais alto e nem mais baixo.

San Lang: "Eu uso vermelho, porque gosto de vermelho e eu nem estou completamente vestido de vermelho! É apenas minha blusa! *apontando para a jaqueta e a calça* Vêem? A calça e a jaqueta são pretas! Logo eu não sou o duende do papai noel e nem o carteiro dele."

Criança 4: "Então você é o Papai Noel disfarçado de adulto punk?"

Eu odeio crianças.

San Lang: "*perdendo a sanidade mental* Não."

Crianças: "Então o que você é?"

Sério isso? Eu realmente vou ter que lidar com toda essa situação desagradável? Será que o Lúcio aceitaria me usar como cobaia para os artefatos dele? Qualquer coisa seria mais agradável do que a merda dessas crianças trambiqueiras... É essa a palavra? Jiejie me ensinou tanta palavra esquisita brasileira que eu estou começando a questionar se essas palavras realmente existem ou se não são uma adaptação de cada região do país.

San Lang: *cheio de sarcasmo* "Eu sou o Coelhinho da Páscoa."

Crianças: "Oh!! O Coelhinho da Páscoa pode virar humano!!"

San Lang: "*completamente sem paciência* Em nome de Hua Cheng eu preciso de um cigarro."

Crianças: *completamente chocadas* "O COELHINHO DA PÁSCOA É FUMANTE?"

Em nome de todo o Abismo, me deixem queimar no lugar mais quente da Terra e depois ser esmagado por um meteoro! Eu não tô aguentando mais essa porra!

Enfiei a mão no meu bolso e catei uma pequena cigarreira de prata com cigarros indianos. Eu me afastei um pouco das crianças e me escorei na parede da loja próximo aos caixas, enquanto seriamente meditava sobre como minha existência estar relacionada à um coelho que bota ovos de chocolate ou um gordo idoso que viaja em um trenó distribuindo brinquedos para esses catarrentos.

As pessoas me perguntam como eu ainda não morri de câncer.

Como diz meu querido cunhado Lúcio...

Mágica.

As crianças continuaram me olhando à distância, enquanto eu fumava tranquilamente na porta do supermercado. Elas pareciam agitadas, apontando para mim e conversando entre si. Qual é a porra da surpresa? Se eu realmente fosse o Coelhinho da Páscoa, eu iria fumar pelo menos umas três caixas de cigarro por dia, porque o estresse que é lidar com crianças é enorme.

Mas deixando as crias do diabo de lado.

Um quadro para minha nainai? Certo, ela realmente ficaria encantada de ter um quadro enorme dela e do meu yeye, a velha fica feliz com aquele velho shānyáng, não seria ruim vê-los alegres por causa de um quadro, talvez eu possa fazer algo especial, talvez comprar algumas folhas de ouro, usar minhas tintas, comprar um bom quadro A2 e depois levar para emoldurar. Ou melhor, eu posso fazer a moldura com uma boa madeira e eu mesmo emoldurar.

{Notas do Autor: Minha prima não colocou, mas nainai significa vovó, acho que yeye é vovô e shānyáng significa bode. Sim, o San Lang tava chamando o avô dele de bode velho.}

É! Vou dar um presente para eles! Fazendo do zero, com cuidado. Acho que fazer as folhas de ouro a mão também seria uma boa. Se for para dar significado a essa data ridícula que seja de maneira refinada e caprichosa, como diz minha nainai: "não me dê coisas mal feitas rapaz, eu sei muito bem dos seu talentos, seu filho da puta".

Ela é uma pessoa muito carinhosa.

Acho melhor ligar para ela, a velha adora antiguidades, mas vou precisar de foto de referência, ou uma posição dos dois para desenhar. Ou eu posso fazer de cabeça mesmo. É, vou fazer de cabeça. Pelo menos posso surpreendê-la.

???: "San Lang? O que você está fazendo aqui?"

San Lang: "Selene? Eu quem te pergunto? Achei que você estava com o Lúcio."

Selene: "Eu estava! Mas… *expressão sombria* as enfermeiras me expulsaram de lá, disseram que havia acabado o horário de visitas."

San Lang: "*desconfortável* Entendi, veio comprar coisas para o natal?"

Selene: "Sim, mas não são para mim, são para as crianças carentes, o hospital onde o Luc está ficando tem feito uma campanha, então resolvi ajudar."

Ela disse sorrindo tranquila. Bem, se alguém vai receber presentes do Papai Noel por ser uma boa menina, vai ser a Selene, tanto por ficar com o Lúcio o tempo inteiro no hospital, como também por estar fazendo boas ações. Bem nobre da parte dela.

Selene: "E você? O que está fazendo aqui?"

San Lang: "Jiejie está procurando pela árvore de natal perfeita, então eu resolvi acompanhar. Não vou deixar meu anjo florido sozinha em quase véspera de natal."

A expressão de Selene foi de gentil para uma extremamente pensativa, ela ficou um tempo olhando para o nada enquanto brincava com a alça da bolsa dela, o rosto dela corando suavemente enquanto ela mexia com a alça da bolsa.

Selene: "Que romântico! Você sempre tão cuidadoso com a Ana, tão carinhoso, companheiro... Deve ser muito bom ter alguém para quem cuidar…"

Pronto... Lá vem... Essa história de novo...

San Lang: "Selene, o Lúcio é um pamonha, mas eu te garanto que um dia ele vai perceber o quanto você o ama e quando isso acontecer ele vai finalmente dar uns passos para frente."

Selene: *corada e animada* "Você acha?"

San Lang: "Aposto meu olho esquerdo que sim."

Selene e eu ficamos jogando conversa fora, até que ela finalmente decidiu que deveria ir procurar os enfeites para as crianças. Quando meu primeiro cigarro estava quase no fim, vi Jiejie arrastando uma árvore enorme de natal, ela estava correndo enquanto segurava a árvore com força.

Oh ow...

Ana: *gritando como se sua vida dependesse disso* "SAN LANG! CORRE PRO CAIXA! CORRE PRO CAIXA!!"

Eu apenas fui para o caixa que já estava do meu lado, o dito caixa me olhou de cara feia por causa do cigarro, então peguei ele, apaguei e logo em seguida coloquei o restoq em um compartimento diferente da cigarreira de prata no meu bolso.

Ana: "Graças a Buda!"

San Lang: "Jiejie, pode me dizer o que está acontecendo?"

Ela ainda estava abraçada na árvore como se fosse a vida dela. Eu fiquei olhando para essa cena ainda mais confuso, a cena chegava a ser muito engraçada. Ela estava uma graça segurando a árvore como se fosse um bem precioso.

Ana: "Essa árvore está em promoção! *apontando para um bando de velhas atrás deles* E essas senhoras ficaram malucas quando descobriram, então eu tive que lutar pela minha vida e pegar a árvore, agora só precisamos pagar!"

San Lang: "Hahahaha! Entendi."

Mas... Apesar de ter achado toda a situação cômica, o olhar daquelas velhas era estranho. Até para mim.

Será que estou imaginando coisas?

...

Nah.

Nós pagamos a árvore e assim finalmente saímos.

Já é hora do almoço. Conversei com a Jiejie e sugeri que nós fossemos até um restaurante, mas ela insistiu em ficar em casa para aquele cefalópode irracional do caralho pudesse comer conosco. Acho que se deixássemos ele sem comida por só algumas semanas não faria muita diferença.

Quando chegamos em casa fui recebido por E-Ming. Minha gata se esfregou em mim enquanto sentava na mesa, me olhando ansiosa. Dei um sorriso para ela e afaguei o pêlo prateado bonito. E-Ming é uma gata de pêlo prateado, ela é cega do olho esquerdo e possui um único olho vermelho. É um animal muito bonito e ela é minha querida companheira.

Ondini: "*com péssimo sotaque chinês* ola, ola, se non é o pastel de flango."

San Lang: "Não sabia que takoyaki falava."

{Notas do Autor: Takoyaki é bolinho frito de polvo.}

Ana: "Ei! Eu vim aqui ter uma refeição tranquila, não uma baderna, esperem que eu durma para depois vocês continuarem essa briga idiota."

San Lang: *sussurrando* "Eu ainda não terminei com você wok cru."

Odini: "PARA DE ME CHAMAR DE COMIDA!"

{Notas do Autor: Minha prima fez até aqui, o resto eu só desenvolvi as ideias que ela deu.}

Ana: "*berrando, com um brilho negro nos olhos* EU JÁ DISSE QUE QUERO COMER EM PAZ! AGORA CALEM A BOCA E COMAM!"

San Lang e Ondini: "Sim senhora."

*10 minutos depois*

Ana: "*berrando* SAN LANG!"

San Lang: "*rapidamente se levantando* Sim senhora!"

Ana: "*berrando* QUER MAIS PURÊ DE BATATAS?"

San Lang: "*batendo continência* Sim senhora! Eu gostaria, senhora!"

Ana: "*berrando* ÓTIMO, SIRVA-SE QUERIDO. ONDINI, QUER MAIS LASCAS DE CARNE?"

Ondini: "*apavorado, batendo continência com quatro tentáculos * S-s-si-sim senhora! Q-quer dizer... N-não senhora, e-e-e-e-estou s-sa-sa-satisfeito, s-s-se-senhora!"

Ana: "*berrando* TUDO BEM! SAN LANG, DEPOIS DO ALMOÇO, PENSEI EM IR LOGO PARA CASA DA VÓ LUCI ENQUANTO VOCÊ FICA AQUI PINTANDO O QUADRO PARA SEUS AVÓS, TUDO BEM?"

San Lang: "*batendo continência* Sim senhora! Estou de acordo, senhora!"

Ana: "*berrando* ÓTIMO!"

'Hmmm... Será que eu devia contar à ele que eu chamei a vó dele para o jantar na casa da Vó Luci no Natal?

...

Naaaahhh.'

More Chapters