Michelle entrou no carro com o coração acelerado. O estofado limpo, o perfume suave e o silêncio acolhedor eram um contraste brutal com as ruas ásperas que ela conhecia. Enzo não disse muito. Apenas ligou o ar quente e ofereceu um cobertor que tinha no banco de trás.
— Vamos para um lugar seguro, depois a gente conversa — disse ele, com um olhar tranquilo.
Ela apenas assentiu.
Chegaram a um spa discreto, reservado, longe do burburinho da cidade. Lá, Michelle foi recebida com respeito. Deram-lhe um banho quente, roupas limpas e um prato de comida. Pela primeira vez em anos, ela se viu diante de um espelho — assustada com seu próprio reflexo, mas curiosa com o que ainda poderia se tornar.
Nos dias que seguiram, Michelle passou por cuidados físicos e emocionais. Enzo aparecia sempre que podia, trazendo livros, roupas novas, palavras gentis… e silêncio confortável. Ele parecia ver nela algo que ninguém mais via.
— Por que está fazendo isso por mim? — ela perguntou um dia, enquanto tomavam chá no jardim do spa.
— Porque você me lembra que até as flores mais pisadas ainda podem florescer — respondeu Enzo, com um meio sorriso.
Michelle sentiu uma paz estranha naquele instante. Talvez, enfim, sua história estivesse apenas começando.