Capítulo 19 — O Cerco dos Imperiais
O chão tremia antes mesmo do amanhecer.
Ao longe, a névoa cinza se movia de forma antinatural, como se estivesse viva. Mas não era a névoa… eram eles.
Os Zumbis Imperiais.
Criaturas inteligentes, organizadas, com uma hierarquia quase feudal: Barões, Condes, Duques… e acima de todos, o Imperador Zumbi, parcialmente regenerado após o ataque nuclear.
Mesmo sem um pedaço do corpo, mesmo mutilado, ele liderava.
A horda marchava, não como um bando irracional, mas como um exército disciplinado. Zumbis grotescamente mutados, com armaduras orgânicas, pele costurada, olhos brilhando em tons inumanos.
No abrigo subterrâneo, as sirenes soaram.
Ada Wong estava diante dos monitores, inquieta. Ela não escondia mais o medo. Não do ataque em si, mas de algo mais sombrio:
Daniel.
"Ele está perdendo a si mesmo…" pensava.
Daniel caminhou pelos corredores. Sua presença fazia as luzes falharem. Os soldados e moradores desviavam o olhar, conscientes de que aquele homem, ou o que restou dele, não hesitaria em matar os fracos ou desobedientes.
Claire Redfield o confrontou:
"Você acha que virou um deus, Daniel? Olhe ao redor! São sobreviventes… não peões de guerra."
Daniel sorriu, frio, com os olhos negros, as sombras contorcendo-se ao redor de seu corpo:
"Você ainda não entendeu, Claire. Isso não é mais sobre salvação. É sobre domínio. Os fracos seguem, os tolos morrem. Não aceito sentimentos aqui."
Ela cerrou os punhos, mas recuou. Ainda precisava daquele abrigo. Mesmo que o líder fosse um monstro.
Ada Wong se aproximou depois:
"Eu achei que poderia te manipular… que poderia te usar para meus próprios jogos. Agora… sei que pisei num campo minado."
Daniel riu, as sombras atrás dele assumindo formas demoníacas.
"Você não controla o inevitável, Ada. Ou segue, ou é consumida."
O Cerco
A primeira onda de Zumbis Imperiais chegou como uma muralha de carne.
Os Barões Zumbis, enormes, cobertos de placas ósseas, lideravam a investida. Mutantes rápidos e fortes, lembrando criaturas de Guerra Mundial Z, escalaram paredes, perfuraram barricadas, atropelaram defensores.
Mas o abrigo estava pronto.
Daniel ergueu as mãos. As sombras se expandiram, cadáveres tombados ressuscitaram sob sua Necromancia, lutando ao lado dos humanos. Balas disparavam, armas da Umbrella ecoavam, o chão encharcado de sangue e gosma mutante.
Alice, ao lado de Jill Valentine, abria caminho entre as criaturas com movimentos cirúrgicos.
Ada, mesmo hesitante, disparava sua pistola, protegendo setores críticos.
E Daniel?
Daniel se lançou ao campo de batalha, as runas brilhando em seu corpo. Cada golpe comum… se multiplicava em mil cortes.
Criaturas se desfaziam em cubos de carne.
A energia de Devil May Cry pulsava fundida à Necromancia.
Daniel já não era humano. Era algo além.
Mas a cada feitiço, a cada reanimação de um morto, ele sentia…
… a última fagulha de sua humanidade se apagando.
O Duque Zumbi
Do meio da horda, uma figura colossal surgiu.
O Duque Zumbi, com mais de três metros de altura, adornado com restos de armaduras humanas, portava um machado feito de ossos e ferro enferrujado.
Gritou palavras articuladas, uma aberração que mantinha inteligência:
"Daniel… Traidor da carne! Escravo das sombras! Sua alma é nossa!"
Daniel avançou sem hesitar.
O embate foi brutal: choque de forças, magia negra contra mutação grotesca. O Duque caiu, reduzido a pedaços pelas lâminas espectrais de Daniel.
Mas a horda não cessava.
Ada Wong, em pânico, observava a cena. Não por medo dos Zumbis… mas do próprio Daniel.
"Ele está indo longe demais… e quando ele virar totalmente monstro? Quem vai pará-lo?"
Claire se aproximou, preocupada:
"Ada… Você está com medo dele também?"
Ada, pela primeira vez, não usou sua máscara de frieza.
"Estou, Claire… Estou."
Fim do Cerco?
A batalha continuou.
Os Zumbis Imperiais recuaram momentaneamente, reorganizando-se. O Imperador Zumbi ainda estava lá fora, ileso, planejando o próximo movimento.
Dentro do abrigo, as sementes da dúvida germinavam.
Daniel, vitorioso, mas cada vez mais distante da humanidade, olhava os rostos de sua equipe, ciente de que, um dia, até eles poderiam se virar contra ele.
E ele não hesitaria em destruí-los.
Continua…