Cherreads

Chapter 23 - Confrontos de Poder

Leonard Everhart

O público ainda discutia os movimentos e estratégias do duelo anterior quando o mestre de cerimônias ergueu a voz novamente, trazendo silêncio imediato à multidão.

"O próximo confronto: Cedric Blanchard contra Lysandra Thorne!"

A tensão aumentou. Cedric surgiu do lado leste da arena, envolto por correntes suaves de vento que faziam sua capa tremular como se tivesse vida própria. Seus cabelos loiros curtos pareciam brilhar sob a luz do sol, e seus olhos azuis estavam fixos na figura que se aproximava do lado oposto.

Sua postura serena contrastava com a inquietação visível nas arquibancadas, como se o próprio ar estivesse à espera do que viria a seguir. Seu bastão prateado, reluzente com runas entalhadas, estava preso às costas, pronto para ser invocado a qualquer momento.

Lysandra Thorne entrou em cena com passos firmes. Sua presença impunha respeito. Trazia duas espadas presas às costas, e seu porte demonstra o orgulho de uma guerreira acostumada a batalhas sérias. Seus olhos verdes analisavam Cedric com precisão cirúrgica.

Seus cabelos castanhos presos em um coque apertado não escondiam o semblante determinado. Vestia uma armadura leve, moldada para permitir movimentos rápidos, mas reforçada o suficiente para suportar ataques diretos. Cada passo ecoava pela arena como uma promessa de força e habilidade. A multidão prendeu a respiração.

Assim que o mestre de cerimônias anunciou o início do duelo, Cedric não perdeu tempo. Ele levantou uma das mãos, e uma rajada violenta de vento avançou em espiral na direção de Lysandra. Era um ataque rápido, buscando testá-la desde o primeiro momento. Ela girou o corpo com graça, usando uma das espadas para dissipar parte do ataque, e saltou para o lado, caindo com leveza. O vento cortante atingiu o chão atrás dela, levantando poeira e folhas secas.

Cedric não recuou. Ele deslizou pela arena como se o chão o impulsionasse, conjurando lâminas de ar que cortavam o espaço entre eles. Lysandra bloqueava e desviava com movimentos precisos, mantendo-se em constante movimento, seus olhos sempre atentos. Seu corpo se movia com a naturalidade de quem treinou toda a vida. A sincronia entre suas espadas era hipnotizante, como se dançassem ao seu redor, sempre prontas para atacar ou defender.

Durante alguns minutos, o confronto parecia um jogo de paciência. Cedric tentava manter a distância e sufocar Lysandra com ataques à longa distância, enquanto ela aguardava o momento certo para encurtar a distância e fazer valer sua vantagem com espadas. Cada movimento era estudado, cada passo calculado. O público, embora silencioso, estava em completa tensão. Muitos já reconheciam a habilidade dos dois, entendendo que este duelo não seria decidido por força bruta, mas sim por inteligência, resistência e domínio técnico.

Então veio o primeiro avanço real.

Cedric concentrou energia no ar ao seu redor e fez surgir uma muralha de vento, empurrando Lysandra para trás. Ao mesmo tempo, lançou uma sequência de lâminas cortantes, finas e quase invisíveis, que assobiavam como navalhas. Lysandra grunhiu ao sentir um leve corte no ombro esquerdo, mas não hesitou. Ela investiu contra o vendaval, protegendo o rosto com os braços e rodando as espadas para desviar as lâminas de ar. Cada passo contra o vento exigia força e equilíbrio. A arena parecia ruir sob a pressão do ataque de Cedric.

"Você vai ter que fazer mais do que isso," disse ela, sua voz firme.

Cedric franziu o cenho. Ele sabia que subestimar Lysandra seria um erro. Seu estilo era direto, mas incrivelmente técnico. Ela se aproximou em um salto duplo, girando o corpo no ar e atacando com ambas as espadas. Cedric desviou para o lado, mas não rápido o suficiente — a lâmina da esquerda tocou seu flanco, rasgando o tecido de seu traje. O sangue escorreu levemente, tingindo de vermelho o branco de sua túnica.

Com um estalo de energia, Cedric recuou, usando o vento para impulsioná-lo a três metros de distância. Seus pés mal tocavam o chão. Ele precisava de mais controle. Seus olhos, antes calmos, agora ardiam com determinação. Ele ergueu a mão e desenhou símbolos no ar, palavras antigas da linguagem arcana que poucos compreendiam. O vento ao seu redor começou a girar, cada vez mais veloz.

Lysandra sorriu, arqueando uma sobrancelha. "Fugindo, Blanchard?"

"Recuar não é fugir," ele respondeu, e com um movimento rápido, ergueu ambas as mãos para o céu.

O ar da arena pareceu vibrar. As folhas nas árvores ao redor dançaram furiosamente, e redemoinhos começaram a se formar acima da arena. Cedric estava reunindo uma quantidade de mana incomum. Os espectadores prenderam a respiração. Alguns começaram a se levantar, temendo que o campo de contenção mágico não fosse suficiente.

Lysandra não esperou que ele terminasse. Ela correu, saltando por entre colunas de pedra e girando no ar com uma combinação devastadora de ataques cruzados. Cedric, agora com os olhos fechados, permaneceu imóvel por um instante — até que, no último segundo, abriu os olhos e desviou o ataque com uma parede de vento tão densa que parecia sólida.

O impacto entre a espada e a parede mágica gerou uma explosão que lançou ambos para trás.

Lysandra caiu com um rolamento perfeito, embora a respiração pesada entregasse seu esforço. Cedric caiu de joelhos, apoiando-se com uma mão no chão. Seus cabelos estavam desalinhados, e um pequeno corte sangrava acima de sua sobrancelha direita. Ambos estavam ofegantes, mas ninguém ali pensava em desistir.

"Você... está me forçando a ir além," ele murmurou.

"Então vá," respondeu Lysandra. "Quero ver do que você é realmente capaz."

Cedric se ergueu devagar, os olhos brilhando com determinação. Um novo padrão de vento começou a formar-se ao seu redor. Era mais veloz, mais afiado, mais instável. O chão abaixo dele vibrava levemente. As nuvens acima começaram a girar, como se respondessem à sua convocação. Lysandra apertou o cabo das espadas, sentindo o ar rarefeito. Sabia que o próximo ataque poderia decidir o rumo do combate.

Lysandra segurou suas espadas com firmeza. Ela também estava pronta para dar tudo de si. Nenhum deles pretendia sair dali derrotado. Seus olhos se encontraram, e por um instante, havia respeito mútuo. Eles sabiam que estavam diante de um adversário à altura.

Mas então, o mestre de cerimônias interveio.

"Interrupção de combate por motivo de segurança!" anunciou, com urgência. "A estrutura da arena precisa ser estabilizada antes que continuemos. Intervalo de trinta minutos!"

Cedric e Lysandra pararam imediatamente. Ambos se entreolharam por um instante, e um sorriso cansado, quase respeitoso, surgiu nos lábios de Lysandra.

"Ainda não terminamos," disse ela, guardando as espadas nas costas.

"Nem começamos direito," Cedric respondeu, enquanto a multidão explodia em aplausos, já ansiando pela segunda parte daquele combate.

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